Ola!

Estou cursando engenharia civil, ainda no 2º ano, e, apesar de não ser muito recomendado fazer agora, já estou procurando um estágio.


Bom, muitos deles oferecem vagas para quem ainda esta começando o curso, como eu. Uma dessas vagas oferecidas é para se trabalhar em projeto de calculo estrutural.

Como disse, ainda estou no segundo ano, então sempre fico com a ansiedade de saber como funciona o mesmo (digo, o calculo de projetos estruturais), qual é a dificuldade etc...


O unico requisito era AutoCAD ou TQS.





Desde já, obrigado!

Caro Hugo,
Desde que as horas dedicadas ao seu estágio não prejudiquem o acompanhamento do seu curso, tudo bem em realizá-lo agora – isso é muito importante porque você ainda está no chamado cíclo básico que, via de regra, é o que exige mais dedicação nos estudos.
O cálculo estrutural é um ramo muito específico de nossa atividade. Exige dedicação exclusiva (com especializações bem específicas) e é um “trabalho de escritório”, ou seja, só gostando muito mesmo. Tenho colegas arquitetos e engenheiros que só trabalham com cálculo e amam de paixão – eu mesmo quase me enveredei pelo ramo.
O cálculo de estruturas é feito em 2 etapas. Na primeira, que denominados de Análise Estrutural, identificamos os chamados esforços solicitantes e as deformações a que estão sujeitos um sistema estrutural, independentemente do material escolhido para esse sistema (aço, madeira ou concreto armado). Na segunda, que é o que se costuma entender por “cálculo estrutural” propriamente dito, fazemos os dimensionamentos das seções dos elementos estruturais, a partir de teorias e métodos estabelecidos em normas técnicas e especificamente voltados para o material escolhido.
Acredito (e espero que algum colega projetista de estruturas se manifeste) que a primeira etapa é a que nos impõe maiores dificuldades no início da carreira. A Análise Estrutural não é meramente matemática, muito embora a verificação seja o seu objetivo final. Demanda um domínio conceitual e prático profundo para que se possa conceber estruturas econômicas e equilibradas, sobretudo quando se lida com situações atípicas como as de sistemas deslocáveis ou de “exigências arquitetônicas”. Não visto a carapuça da classe, mas reconheço que arquitetos de má formação, por não se esforçarem em conhecer o assunto (por pura preguiça intelectual, já que recebem formação para isso) são os grandes responsáveis pelos desgostos profissionais dos projetistas de estruturas.
As demais dificuldades estão relacionadas aos macetes e especificidades dos materiais estruturais, em particular o concreto armado que é o mais melindroso, esquisito e contraditório dos materiais estruturais - e por ironia do destino o mais utilizado em nosso país.
Abraço fraterno,

Ola Edmar, obrigado pela sua resposta!

Ao dizer que não é algo meramente matematico, você poderia me dizer qual tipo de aplicação matematica que irei fazer? Digo, o que vou extrair do meu aprendizado da faculdade até agora que será util nesse possivel trabalho?

Prezado Hugo,

Vale a pena, pois é um aprendizado muito válido. Você terá algumas dificuldades, mas isso é perfeitamente normal.

Edmar e Isaac, muito obrigado por responderem tão prontamente minha duvida, e, apesar de a entrevista ser apenas amanha, ja me sinto mais encorajado pra começar a estagiar !


Abraços!

Não é meramente matemática porque o equilíbrio e a economia dos sistemas estruturais são obtidos mediante experimentação sobre como e onde aplicar os carregamentos e isso leva tempo para se aprender – falo como quem concebe uma estrutura e não apenas a dimensiona. A matemática dependerá do método de análise utilizado, conforme você verá nas disciplinas de Resistência dos Materiais e Teoria das Estruturas (Análise Estrutural em alguns currículos). Mas, de modo geral serão necessários conhecimentos de Relações Trigonométricas no Triangulo Retângulo, Equações Lineares e Matrizes (apenas para se entender um dos métodos, no caso o dos Deslocamentos) e de Física (vetores, binários, etc). Isso, evidentemente, se considerarmos a hipótese de processos analógicos (na munheca) cada vez raros nos ambientes profissionais.
Abraço fraterno,