Caros colegas,

Sou iniciante na engenharia e me deparei com uma dúvida, dimensionei uma laje com Fck 20MPa e determinei que o concreto fosse usinado pela concreteira para garantir a resistência, após 15 dias de concretada a laje, o Mestre de obra me chamou atenção: disse que o concreto não estava prestando.... Como assim não presta? ele pregou um prego de 18 com uma martelada só, foi tão fácil como pregar no gesso...
Fiquei impressionada com a situação, o concreto tem 15 dias, a resistência na nota fiscal foi a que pedi, o slump foi de 12, aqui na região anda chovendo durante todo dia e foi colocada uma fiada de tijolos para manter a laje alagada por 7 dias seguidos...
O concreto pelo que está na nota não possui aditivo...
Não sei nem o que pensar desta laje, os esforços dela são pequenos, porém tenho agendado um outro lançamento na semana que vem, e esta será para uma piscina, estou esperando o resultado do teste com os corpos de prova para ver se não houve engano por parte da concreteira, mas não sei se aceito esse concreto.
Gostaria de saber o que pode ter acontecido...

Agradeço desde já a atenção de todos.

Prezado Victor,

Deve ser acompanhados/analisados os corpos de prova; O diário da obra também deve ser analisado e os profissionais que acompanharam o lançamento do concreto devem ser ouvidos. Estes elementos devem ser confrontados. Este teste do prego deve ser feito em vários locais da laje. Em minha sincera opinião, independentemente do resultado da investigação, se o comportamento for mesmo o citado em pontos aleatórios da laje, então a mesma estará condenada.

Boa sorte!

Cara PriVictor,

As prescrições referem-se à resistência à compressão obtida em ensaios de cilindros moldados segundo a NBR 5738, realizados de acordo com a NBR 5739.
Quando não for indicada a idade, as resistências referem-se à idade de 28 dias. A estimativa da resistência à compressão média, fcmj, correspondente a uma resistência fckj especificada, deve ser feita conforme indicado na NBR 12655.
A evolução da resistência à compressão com a idade, deve ser obtida através de ensaios especialmente executados para tal (Dolabela, R.).

De forma orientativa, pode-se adotar valores de relação entre o fcj e o fc em média para CP II e CP III de 0,7. Para o seu caso temos em 14 dias algo em torno de 0,6. Isso em condições de cura úmida em temperatura de 21 a 30°C. Alguns autores propõem valores mais altos, mas na prática isso pode se alterar. Temos ainda os valores de SD, que para os cálculos que seguem foi considerado de 3. O fator "usina" é fundamental. Tow Go, Central dosadora, Central misturadora, confiabilidade crescente na ordem.

Assim temos:
fcj = fck + 1,65 x SD = 24,95 MPa

Ou seja:
Resistência esperada de aproximadamente 15 MPa.

Comparando com o gesso, temos:
Resistência de gesso comum para revestimento de 9 MPa.

No entanto, temos como um dos fatores determinantes, a temperatura da região e a cura "alagada" que pode sim ocasionar algum retardo da formação da etringita, logo não deve ainda se entrar em pânico e aguardar os 28 dias, onde praticamente toda a etringita já terá se formado e o concreto atingir a resistência esperada.

O fato de ter conseguido penetrar um prego no concreto, não representa que este não presta. Como sabe, os agregados possuem resistências da ordem de 500 MPa, portanto se ainda não houve a fixação destes na pasta, pelos motivos já mencionados, o prego vai vencer essa resistência de pasta, dado a maior resistência do aço, empurrando os agregados.

Informe a usina, verifique os desvios que praticam, que tipo de equipamento é utilizado e aguarde os resultados. Mantenha o escoramento até 28 dias e monitore o endurecimento do conjunto.

Boa sorte.

Obrigada a todos por me ajudar...
Guilherme, procurei nas normas indicadas esses valores de relação entre fcj e fck, que você adotou para 14 dias o valor de 0,6, mas não encontrei a tabela referente a esse valor, gostaria se possível que você me indicasse aonde achou, pois tenho procurado essa relação a tempo e não sei se é por falta conhecimento ou atenção não acho nada parecido, os valores para SD já tenho, mas esses fatores não encontrei.

Desde já agradeço a atenção de vocês,
Priscila

Não há referência na norma referente ao comentado e sim a procedimentos de ensaio e análise. Você encontra em literatura algumas relações do tipo.

Já fiz dezenas de análises do tipo e os resultados seguem uma linha de tendência como mencionei.

Salvo contaminações muito evidentes do concreto, ou excesso de água, o que relatou não é muito comum.

Tente obter do seu mestre alguma informação a respeito de adição de água. Se ele adicionou alguma coisa, envie para mim para análise. Envie-me também o traço da nota, com a quantidade de água, relação água comento.

E se já tem algum resultado.

Boa sorte.

Olá a todos, gostaria de agradece por ajudar, e estou escrevendo para dizer o que ocorreu, já passaram os 28 dias, a laje continua escorada, e pelo que aparenta já ganhou resistência, estou no aguardo do resultado do teste do corpo de prova, mas ao que tudo indica não terei problemas. Para as próximas o cliente resolveu trocar de empresa.