Laje treliçada continua


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Laje treliçada continua

jose humberto de araujo
postou em Qui, 22 Mai 2008, 22:25
Usuário Nível 2 | Mensagens: 55

    Sou amador em materia de calculo estrutural. Como tal, solicito uma ajuda dos mais aptos no assunto. O programa STG da Gerdau possibilita o calculo de lajes continuas desde que as vinculações de apoio sejam semi-engastadas. Sabe-se que durante a execução destas lajes, os engastamentos nao sao tao confiavesis quanto ao executados em lajes maciças. Dessa maneira, fico na duvida, se calculo como lajes bi-apoiadas e adiciona uma ferragem negativa para combater a fissuração ou se, efetuo o calculo como laje semi-engastada e claro, aumento essa ferragem negativa no apoio. Ademais, tem-se tambem que verificar as vigas quanto a torção.
    Com a palavra - _______________________________ .
    Obrigado


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    Fórum E-Civil
    postou em
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    RCosta
    postou em Sex, 06 Jun 2008, 17:41
    Usuário Nível 1 | Mensagens: 10

      Você precisa dimensionar a viga para torção se for engastar a laje NA VIGA. Imagino que você não esteja pensando exatamente nisso.

      Desconheço essa "não-confiabilidade" do engastamento de laje treliçada mas, desconsiderando isso, a questão é a seguinte. Vamos considerar esse exemplo:



      O engastamento de lajes devido à continuidade não é exatamente um engastamento de apoio. A laje é um meio contínuo de concreto, embora você as discretize como L1, L2, L3 e L4 para questões de cálculo, detalhamento e representação, particularização de uso etc etc.

      Como uma placa contínua, as "quatro lajes" acima têm, a princípio, momentos positivos nos vãos, negativos nos apoios centrais (V1 e V2) e nulos nas bordas externas. Estes últimos serão negativos apenas se você quiser engastar a laje na viga de borda.

      O que se faz então? Calcula-se cada uma das quatro isoladamente. Se as lajes forem exatamente iguais em dimensões, carregamento, material e condições de apoio, o resultado do cálculo decomposto será igual ao cálculo como elemento contínuo. Quanto maior for essa diferença, mais irreal é o cálculo. Deve-se então atentar para esse detalhe.

      Vamos supor três exemplos dentro dessa figura.

      1) Os vãos paralelos a V2 de L1 e L2 são iguais.

      Se eu calcular a laje de forma contínua, encontrarei momentos positivos nos vãos e momento negativo no apoio central (V1).

      Se calcular isoladamente, considerando apoio simples na borda e engaste no apoio comum a L1 e L2, encontrarei os mesmos momentos positivos nos vãos e o mesmo momento negativo, tanto no apoio engastado de L1 quanto no apoio engastado de L2.

      O fato de serem iguais em dimensão, carregamento, apoio e material faz com que o resultdado do cálculo isolado seja simplesmente o resultado do cálculo contínuo dividido em dois pedaços, ou seja, igual.

      2) os vãos paralelos a V2 de L1 e L2 são diferentes. Vamos considerar que o vão de L2 seja maior e que todas as outras condições são iguais.

      O cálculo contínuo é o correto, é claro, resultando num momento negativo no apoio central e em dois momentos negativos nos vãos de L1 e de L2. Perceba que dependendo da relação de vãos, é possível que a laje de menor vão nem tenha momento positivo, esteja toda negativa.

      O que teremos com o cálculo separado então?

      - Momento negativo grande demais na laje grande e pequeno demais na laje pequena. Ou seja, para L1, a situação real é "mais que um engaste" enquanto para L2 a situação real é "menos que um engaste". Você deverá equilibrá-lo considerando uma média ou 0,8 do maior (o maior dos resultados vale). Perceba aqui que o que garante o "suposto engastamento" é a continuidade com um restante de placa capaz de "segurar" o outro lado. Não é um "apoio engastado" é simplesmente a continuidade da peça.

      - Momento positivo no vão de L2 maior do que realmente é. Se não for gritante, pelo menos é a favor da segurança

      - Momento positivo no vão de L1 menor do que realmente é. Dependendo do caso, pode até ser negativo na laje toda.

      3) Bordo livre

      Se não há continuidade, não há momento negativo a não ser que se faça um engastamento da laje no apoio (viga).

      Daí partem as premissas do tal programa.

      - apoio simples: quando não há laje do outro lado, ou seja, ele supõe que você não vai engastar sua laje na viga. A não ser em situações "especiais", isso realmente é desnecessário.

      - "semi-engaste": Um engaste é um apoio infinitamente rígido à rotação. Na prática, se a laje do outro lado é menor, ela não impedirá por completo a rotação daquele ponto no apoio. De forma simplificada, não é "totalmente um engaste". Se quiser a gente entra em mais detalhes sobre isso depois, mas sem muita elegância, é isso.

      - engaste perfeito: se os vãos forem iguais (e todas as outras condições), esse resultado é o mesmo que o teórico contínuo, e mais próximo da realidade.

      Bem, se é assim, o momento negativo estará lá a não ser que você garanta descontinuidade do concreto. Isso não vai acontecer, então você deve armar para o momento negativo calculado. Momento este resultante da modelagem adequada a partir do que você tem na realidade.

      O programa deve trazer os limites de relação entre vãos para definir semi-engaste ou engaste. Escolha adequadamente e cuidado com aquele detalhe se uma das lajes for estreita demais em relação às outras, se você esquecer disso e usar apenas os resultados do cálculo isolado, pode não armar contra o momento negativo adequadamente.


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