- Sylvio Rocha Nogueira
- postou em Dom, 14 Fev 2010, 13:14
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TROCAS DE MANTAS : FREQUENTE EQUÍVOCO
A constante busca, pelo melhor produto impermeabilizante, será, sempre, postura profissional da maior importância.
Ou seja: QUANDO se tratar, de fato, de um dano a ser evitado – ou reparado – pela ação de um desses produtos, tais cautelas farão toda a diferença.
E porque insisto no “QUANDO” ?....
Porque já “estou careca” de verificar que a maioria, absoluta, das infiltrações prediais, que encontro em minhas inspeções - sob terraços expostos, boxes de banho, etc –, ocorrem POR TRÁS e POR BAIXO da impermeabilização existente. De fato, vejamos:
1 – Nenhuma elevação, de manta ou película moldada “in-loco”, pode elevar-se, nas periferias, além de uns 20 ou 30 centímetros, pois o emboço, por falta de chapisco, nestas faixas, “despencaria”.
2 - Desejáveis inserções de mantas nos paramentos (paredes ou platibandas) raramente serão contínuas, pois pilares ou pilaretes não podem ser cortados.
3 – Emboços, sobre elevações de mantas, raramente são armados; e quando o são, o “telamento” de reforço raramente se eleva até o emboço são (ancorado em chapisco), para assegurar a integridade da faixa.
4 – A estanqueidade pluvial dos paramentos verticais – notadamete fachadas e muros divisórios – costuma ser muito precária, o que implica em absorção de chuva e em sua migração, via gravidade, pelo interior da parede. E as paredes de boxes, encharcadas dos dois lados, dispensam mais comentários.
Resumo: tentem, nas próximas reformas, começar o trabalho por um teste de estanqueidade, restrito ao “reservatório” existente (como fazem, no final, todas as empresas do ramo), com simples tamponamento dos ralos e enchimento a mangueira; e preparem-se para algumas surpresas...
Como as águas de São Pedro não se obrigam a chegar, ao plano impermeabilizado, da mesma forma que faz o enganoso enchimento (da rasa “piscina”) com mangueira de jardim, a culpa pelo freqüente “retorno” das infiltrações acaba sendo posta no lombo da equipe de fez a reforma.
Quanto à garantia, habitual, de 5 anos: como esta se refere ao PRODUTO ( manta, emulsão, etc, etc ), o fabricante “tira o dele da reta”, jurando, também, que a falha “só pode ter ocorrido durante a aplicação”...
Ora, se a chuva infiltrou-se POR TRÁS e SOB da camada vedante, garantias de 5, 50, ou 500 anos terão a mesma e ridícula utilidade.
Outro absurdo, que tenho observado, é a obtusa inserção de tubos extensores, nos condutores pluviais, para assegurar a “perpendicularidade” da grelha coletora (ralo). Como se pode perceber, tal artifício tende a represar o “micro lençol freático” que flui sobre a manta (sob a camada de proteção mecânica), agravando o fenômeno da eflorescência calcária decorrente da natural (e inevitável) evaporação das chuvas que percolaram pela porosidade do piso acabado. Resultado: manchas esbranquiçadas e solturas de lousas...
Mas o leigo quer porque quer: “- Vazou ?.. Troca a manta !!...”
( e as empreiteiras, por óbvio, festejam ...)
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Sylvio Nogueira Arquiteto
CREA 347-D/RJ – UFRJ/1966
www.snogueira.com