- Sylvio Rocha Nogueira
- postou em Dom, 14 Fev 2010, 13:19
- Usuário Nível 1 | Mensagens: 19
Muitos adquirentes de imóveis sofrem com ruínas de revestimentos em faixas inferiores de paredes térreas, cuja causa, mais comum, é a “umidade ascendente”. Raros profissionais – em obras civis – ouviram falar de "papelão alcatroado"; e, dos que ouviram, a maioria pensa tratar-se, apenas, de "uma forma, antiga, de impermeabilizar baldrames" e/ou de simples "camada separadora". Com tal "certeza", engenheiros, arquitetos, mestres-de-obras, etc, ignoram o "idoso produto" e besuntam os baldrames com emulsões (asfálticas ou acrílicas), pois isto é "mais moderno", gerando grotesco erro técnico, cujas conseqüências são danos em revestimentos, pinturas ou marcenarias, formações de fungos, constantes e onerosos reparos, perícias técnicas, etc.
Vejamos:
1) O concreto é poroso e deve, por óbvio, ser impermeabilizado (adição de densificadores, hidrófugos de massa, etc, etc);
2) O antigo “papelão alcatroado” tinha função única, insubstituível por emulsões, asfálticas, sintéticas ou outras películas selantes; de fato, cortado com largura superior à do baldrame, o cartão sobrava para os dois lados; e, nas paredes externas, obedecia à seguinte geometria: 2.1) Para fora: "dente" inclinado (sobre ripa chanfrada), ficando sob o emboço; 2.2) Para dentro: aba de 4 ou 5 centímetros, dobrada, para cima, até o lançamento do lastro; a dobra voltava à horizontal – antes do contrapiso – cobrindo a interface baldrame x lastro, onde surgem fissuras, capilares, por retração.
3) Sem tal proteção, a água do solo ascende pela interface (inevitável fissura entre o lastro e o flanco - mesmo besuntado - do baldrame) e pelas paredes térreas (tijolos, chapisco, emboço, reboco), gerando pulverulências em mesclas e/ou pinturas.
Como se vê, a construção civil brasileira trocou produto eficaz e baratíssimo (custaria, hoje, já colocado, algo como R$ 0,50 o metro linear !) por emulsões vedantes quase sempre inúteis (e mais caras); e sequer usa tiras, de mantas plásticas, para desempenhar aquela básica função. Eis mais um exemplo de racional procedimento banido pelo isolamento teórico das cátedras e pela desinformação, técnica, nos canteiros de obras.
_________________
Sylvio Nogueira Arquiteto
CREA 347-D/RJ – UFRJ/1966
www.snogueira.com