- edmarferreirajr
- postou em Qui, 31 Mai 2012, 15:00
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Caro Gustavo,
O “paliteiro” a que você se refere é o que nós projetistas chamamos de superestrutura. A superestrutura nesse caso é independente do tipo de infraestrutura ( fundação) que será empregada, pois essa dependerá tipo do solo. No entanto, os custos com fundações para madeira são inferiores aos das fundações para concreto armado porque as cargas da madeira são bem aliviadas.
Existem duas maneiras de se ligar o pilar à fundação e cada uma tem as suas vantagens e desvantagens.
A maneira dos projetistas (contemporânea) consiste em se fazer uma transição entre a madeira e a fundação por meio de um elemento intermediário de aço – uma espécie de “pezinho” chumbado nas fundações que recebe a madeira em uma altura ligeiramente acima do nível acabado do piso.
Vantagens:
1. Afasta o contato da madeira com a umidade proveniente do piso e das fundações;
2. Permite a substituição mais simplificada de um pilar por outro, caso isso venha a ser necessário por algum motivo;
3. Pode se optar por um modelo de vinculação às fundações, ou seja, por um engastamento ou por uma articulação – ambos terão influência direta na estabilização lateral do conjunto.
Desvantagens:
1. Custo elevado, sobretudo em função da escolha do sistema de vinculação – peças para engastamentos são muito mais caras do que para articulações.
2. O prumo e o aliamento dos elementos exigem mão de obra especializada em montagens mecânicas (postes, semáforos, est. metálica, etc.).
A maneira “vernacular” (antiga) consiste em engastar o pilar diretamente no furo ou bloco de fundação com espaço superior ao diâmetro da tora e preenchê-lo com concreto, após a verificação do prumo e alinhamento, deixando a base de concreto ligeiramente acima do nível do piso acabado.
Vantagens:
1. Custo reduzido;
2. Pode se valer da condição de engastamento do pilar para estabilização do conjunto.
Desvantagens:
1. Maior risco de apodrecimento da base do pilar – Para se afastar o contato da madeira com a unidade do piso e das fundações é necessário primeiramente pintar a parte da tora que ficará embutida no concreto com Neutrol e em seguida “encamisar” com uma uma lona plástica resistente em 3 camadas com trespasses desencontrados. O concreto deve receber ainda um aditivo impermeabilizante;
2. Apenas tente imaginar a substituição de um pilar caso isso venha a ser necessário...;
3. Não se pode optar pelo modelo de vinculação – o engastamento é inevitável.
Quero deixar bem claro que essas informações tem o único objetivo de esclarecê-lo quanto ao que está escolhendo e auxiliá-lo para uma conversa mais afiada com o projetista da estrutura. Não tente fazer isso por sua conta e risco. Construção em madeira é construção industrializada e exige cuidados específicos. Ao contratar um projetista especializado em estruturas de madeiras você terá ainda a oportunidade de conhecer um profissional realmente apaixonado pelo que faz – não que projetistas de concreto não o sejam, mas quem trabalha com madeira o faz por absoluta paixão.
A primeira imagem abaixo é da mesma obra anterior que lhe mostrei. Observe o pezinho afastando o pilar do piso e adentrando expressivamente na madeira com parafusos para garantir o engastamento. A segunda é de uma obra de recuperação estrutural (Nitche arquitetos). Note que a parte podre foi serrada e substituída por uma nova e foi adotado o pezinho para afastar o pilar do piso.
http://estruturasdemadeira.blogspot.com.br/2007/02/essa-uma-obra-que-est-sendo-executada.html
http://www.archdaily.com/231134/house-in-praia-preta-nitsche-arquitetos-associados/attachment/231192/
Um abraço,
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Edmar
arquiteto e urbanista
“Procura sempre a perfeição. Nunca te deixes abater. Eleva-te sempre às circunstâncias.”
Herculano Pires